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sábado, 23 de julho de 2011

El Greco


Doménikos Theotokópoulos
Δομήνικος Θεοτοκόπουλος
Auto-retrato
Pseudônimo(s) El Greco
Nascimento 1541
Fodele, Iráclio
Morte 17 de abril de 1614 (73 anos)
Toledo
Nacionalidade grega
Ocupação pintor, escultor e arquiteto
Magnum opus A Disputa das Vestes de Jesus (El espolio); Abertura do Quinto Selo
Movimento estético Renascença espanhola (Maneirismo)
Doménikos Theotokópoulos (em grego: Δομήνικος Θεοτοκόπουλος), mais conhecido como El Greco, ("O Grego"[a][b]) (Fodele, Iráclio, 1541Toledo, 7 de abril de 1614) foi um pintor, escultor e arquiteto grego que desenvolveu a maior parte da sua carreira na Espanha. Assinava suas obras com o nome original, ressaltando sua origem.
Nasceu em Creta, que naquela época pertencia à República de Veneza, e era um centro artístico pós-bizantino. Treinou ali e tornou-se um mestre dentro dessa tradição artística, antes de viajar, aos vinte e seis anos, para Veneza, como já tinham feito outros artistas gregos. Em 1570 mudou-se para Roma, onde abriu um ateliê e executou algumas séries de trabalhos. Durante sua permanência na Itália, enriqueceu seu estilo com elementos do maneirismo e da renascença veneziana. Mudou-se finalmente em 1577 para Toledo, na Espanha, onde viveu e trabalhou até sua morte. Ali, El Greco recebeu diversas encomendas e produziu suas melhores pinturas conhecidas.
O estilo dramático e expressivo de El Greco foi considerado estranho por seus contemporâneos, mas encontrou grande apreciação no século XX, sendo considerado um precursor do expressionismo e do cubismo, ao mesmo tempo em que sua personalidade e trabalhos eram fonte de inspiração a poetas e escritores como Rainer Maria Rilke e Nikos Kazantzakis. El Greco é considerado pelo modernos estudiosos como um artista tão individual que não o consideram como pertencente a nenhuma das escolas convencionais. É mais conhecido por suas figuras tortuosamente alongadas e uso freqüente de pigmentação fantástica ou mesmo fantasmagórica, unindo tradições bizantinas com a pintura ocidental
Em sua época teve somente dois seguidores de seu estilo: o seu filho Jorge Manuel Theotokópoulos e Luis Tristán.



Biografia

Primeiros anos


A Morte da Virgem (antes de 1567, painel em têmpera e ouro, 61,4 × 45 cm, Catedral da Sagrada Morte da Virgem, Hermópolis, Siros) foi provavelmente pintada perto do final do período cretense do artista. A pintura combina estilos pós-bizantinos e do maneirismo italiano, e elementos iconográficos.
Seu nascimento em 1541 deu-se na vila de Fodele ou de Candia (nome veneziano para Chandax), presentemente nomeada Heraklion, em Creta, era descendente de uma próspera família urbana, que provavelmente teria se deslocado de Chania para Candia depois de uma insurreição fracassada contra o domínio veneziano, entre 1526 e 1528. Seu pai, Geórgios Theotocópoulos (morto em 1558), era comerciante e cobrador de impostos. Nada se sabe, porém, sobre sua mãe ou sobre sua primeira esposa, uma grega. Seu irmão mais velho, Manoússos Theotokópoulos (1531 - 13 de dezembro de 1604), foi um comerciante, e passou seus últimos anos de vida na casa de El Greco, em Toledo.



Itália

Pertencendo Creta à Sereníssima República de Veneza desde 1211, era natural que o jovem El Greco procurasse continuar sua carreira naquela cidade italiana. Embora o ano exato dessa mudança não seja claro, a maioria dos estudiosos é acorde que o pintor trasladou-se por volta do ano de 156. As informações sobre os anos do mestre na Itália são limitados. Morou em Veneza até 1570 e, de acordo com uma carta escrita por seu mais antigo amigo, e maior miniaturista da época, o croata Giulio Clovio, ele seria um "discípulo" de Ticiano, que já estava octogenário mas ainda vigoroso. Isso pode significar que ele trabalhara no estúdio do grande Ticiano, ou não. Clovio caracterizou El Greco como "um grande talento para a pintura.




O período veneziano

De sua carreira artística, anterior à sua chegada a Veneza, pouco se conhece. Contudo, recentemente foi identificado um dos seus trabalhos, na Igreja de Koimesis tis Theotokou, em Siro.
Em Veneza trabalhou no ateliê do famoso pintor Ticiano e, sem dúvida, conheceu a pintores como Tintoretto, Veronèse e Bassano, bem como a obra dos pintores maneiristas do centro da Itália, entre eles Domenichino, Parmigianino, etc. Entre suas mais conhecidas obras do período veneziano pode se encontrar A cura do cego, onde se percebe a total e solene influência de Ticiano. Quanto à composição de figuras e à utilização do espaço, a influência de Tintoretto é notável.



O período romano


Retrato de Giorgio Giulio Clovio, o mais antigo retrato de El Greco que subsistiu (c. 1570, óleo sobre tela, 58 × 86 cm, Reggia di Capodimonte, Nápoles). No retrato de Clovio, amigo e mecenas do jovem pintor cretense em Roma, a primeira evidência de que El Greco surge como retratista é manifestada.
Em 1570, El Greco mudou-se para Roma, quando executou algumas séries de trabalhos marcados por seu aprendizado veneziano. Não se sabe com precisão quanto tempo durou sua estada ali, mas é certo que retornou a Veneza (c. 1575-76) antes de sua mudança para a Espanha Em Roma, El Greco hospedou-se no Palazzo Farnese, tornado pelo Cardeal Alessandro Farnese um centro pulsante de vida intelectual e artística da cidade. Ali ele travou contato com a elite pensante romana, incluindo-se o humanista Fulvio Orsini, que mais tarde veio a ter em sua coleção sete pinturas do artista ("Visão do Monte Sinai" e o Retrato de Clovio, entre elas).



O período espanhol

Imigração para Toledo


A Ascensão da Virgem (1577–1579, óleo sobre tela, 401 × 228 cm, Art Institute of Chicago) foi uma das nove pinturas que El Greco realizou para a igreja de São Domingo o Velho em Toledo, sua primeira encomenda na Espanha.
Em 1577, El Greco emigrou primeiro para Madri, e dali foi para Toledo, onde produziu seus trabalhos da maturidade.
Naquela época Toledo era a capital religiosa da Espanha, e uma populosa cidad. Dela dizia-se ser um lugar com "um passado ilustre, um próspero presente e um futuro incerto". Em Roma, El Greco havia conquistado o respeito de alguns intelectuais, mas também enfrentara a hostilidade de certos críticos de arte Durante a década de 1570 o enorme monastério-palácio de El Escorial ainda estava sendo construído e Filipe II de Espanha enfrentava dificuldades para encontrar bons artistas para executar as muitas pinturas que a obra exigia. Ticiano morrera, e Tintoretto, Veronese e Antônio Mouro recusaram-se todos em ir para a Espanha. Filipe tivera que confiar então no talento menor de Juan Fernándes de Navarrete, cuja gravedad e decoro (seriedade e decoro) foram aprovados pelo rei. Mas este pintor veio a morrer em 1579; o momento parecia ideal para El Greco.



Maturidade e últimos anos


O Enterro do Conde de Orgaz (1586–1588, óleo sobre tela, 480 × 360 cm, Santo Tomé, Toledo), é o trabalho mais conhecido de El Greco, ilustra uma popular lenda local. Pintura excepcionalmente grande, é claramente dividida em duas zonas: a superior, divina, e a terrena, abaixo. Entretanto, não há um linha divisória demarcando esta dualidade, as zonas superior e inferior se confundem na composição.
Sem os favores do rei, El Greco foi obrigado a permanecer em Toledo, onde fora recebido em 1577 como um grande pintor. De acordo com Hortensio Félix Paravicino, um pregador e poeta espanhol do século XVII, "Creta lhe dera a vida e o talento, Toledo foi a melhor pátria, onde a morte lhe permitiu alcançar a vida eterna". Em 1585 ele parece haver contratado um assistente, o pintor italiano Francisco Preboste, e estabeleceu um estúdio próprio capaz de produzir quadros para altares e estátuas, além das pinturas Em 12 de março de 1586 obteve a encomenda para O Enterro do Conde de Orgaz, que hoje vem a ser sua obra-prima mais conhecida A década entre 1597 a 1607 foi o período de maior atividade para El Greco. Durante estes anos recebeu suas maiores encomendas, e seu estúdio criava conjuntos de figuras e esculturas para uma variegada clientela de instituições religiosas. Entre as maiores encomendas desse período estão três altares para a Capela de São José, em Toledo (1597-99); três pinturas (1596-1600) para o Colégio de Doña María de Aragon, no monastério agostiniano de Madri; e o altar-mor, quatro altares laterais e a pintura Santo Idelfonso para a Capela Maior do Hospital de la Caridad de Illescas (1603-05). As minutas da comissão de A Virgem da Imaculada Conceição (1607-13), que era composta pelos membros da municipalidade, descrevem El Greco como "um dos maiores homens neste reino e fora dele.



Arte do mestre

Técnica e estilo

O primado da imaginação e da intuição sobre o caráter subjetivo de criação foi um princípio fundamental do estilo de El Greco. Ele descartou critérios clássicos como medidas e proporção, acreditando que a graça é o supremo objetivo da arte, mas um pintor somente alcança a graça quando consegue resolver os problemas mais complexos com a obviedade do simples.
"Acredito que a reprodução da cor é a maior dificuldade da arte."
El Greco (notas do pintor, num dos seus comentários)[39]
O mestre considerava a cor como o elemento mais importante e incontrolável da pintura, e declarou que a cor tinha primazia sobre a forma. Francisco Pacheco, um pintor e teórico que visitara El Greco em 1611, escreveu que o pintor gostava das "cores cruas e sem misturas, em grandes borrões, como uma exibição orgulhosa de sua destreza" e que "ele acredita em constante repintura e retoques ordenados em amplas massas como numa planície da natureza.




O historiador de arte Max Dvořák foi o primeiro estudioso a ligar a arte de El Greco com o maneirismo e o antinaturalismo. Pesquisadores modernos caracterizam teoricamente El Greco como "tipicamente maneirista" e tendo definido suas fontes dentro do neo-platonismo da Renascença. Jonathan Brown acredita que El Greco tentou criar uma forma sofisticada de arte; de acordo com Nicholas Penny , "uma vez na Espanha, El Greco pôde criar seu estilo próprio – começando por repudiar a maioria das ambições descritivas da pintura. Em seus trabalhos da maturidade, o pintor demonstra a característica tendência para dramatizar em vez de descrever A força da emoção espiritual se transfere da pintura diretamente ao observador. De acordo com Pacheco, sua pintura perturbada, violenta e por vezes aparentemente de execução descuidada era algo devido a acurado estudo para adquirir uma liberdade de estilo. A preferência de El Greco por figuras excepcionalmente altas e esbeltas e composições alongadas, serviam antes aos seus propósitos expressivos e a princípios estéticos, que o levaram a desconsiderar as leis da natureza e alongar suas composições em grandes extensões, particularmente quando eram destinadas aos retábulos de altar. A anatomia do corpo humano torna-se mais transcendente até mesmo nos seus trabalhos da maturidade. Em "A Virgem da Imaculada Conceição" El Greco pediu para que o retábulo fosse ainda mais alongado em 1,5 pé "porque assim a forma ficará perfeita e não reduzida, que é a pior coisa que pode acontecer a uma figura". Uma inovação significante nos trabalhos maduros do pintor é o entreleçamento entre forma e espaço; uma relação mútua é desenvolvida completamente entre os dois, de modo a unificar a superfície da pintura. Este entrelaçamento ressurgiria três séculos depois, nas obras de Cézanne e Picasso.

(El Espolio) (1577–1579, oleo sobre tela, 285 × 173 cm, Sacristia da Catedral de Toledo) é um dos mais famosos retábulos de El Greco. Seus retábulos são conhecidos pela composição dinâmica e inovações surpreendentes.

Vista de Toledo (c. 1596–1600, óleo sobre tela, 47.75 × 42.75 cm, Metropolitan Museum of Art, N.Y.) é uma das duas paisagens de Toledo que sobreviveram, pintadas por El Greco.
Outra característica do estilo maduro de El Greco é o uso da luz. Como Jonathan Brown observa, "cada figura parece trazer sua própria iluminação, ou refletir a luz que emana de uma fonte não vista". Fernando Marias e Agustín Bustamante García, os estudiosos que transcreveram as notas manuscritas de El Greco, estabelecem uma ligação entre o poder que o pintor expressa com a luz às idéias do precedente neo-platonismo cristão.

 


Afinidades bizantinas

Desde o começo do século XX que os estudiosos debatem se o estilo de El Greco tinha origens bizantinas. Certos historiadores de arte afirmaram que as raízes do pintor estavam fixadas firmemente nas tradições bizantinas, e que a maioria de suas características individuais derivavam diretamente da arte de seus ancestrais, enquanto outros afirmam que a arte bizantina não influiu no trabalho posterior de El Greco.
A descoberta de "Enterro da Virgem" em Siro, um autêntico e assinado trabalho do período cretense do pintor, e a extensa pesquisa de arquivos feita no começo dos anos 1960, contribuíram para reacender e reavaliar estas teorias. Embora siga muitas convenções dos ícones bizantinos, mostra entretanto aspectos de estilo certamente de influência veneziana, e a composição, mostrando a morte de Maria, combina as diferentes doutrinas ortodoxa (Enterro da Virgem) e católica (Ascensão da Virgem) Estudos significativos da segunda metade do século XX dedicados a El Greco reavaliam muitas das interpretações de seu trabalho, enquanto incluem o seu suposto bizantinismo.

Adoração dos Magos (1565–1567, 56 × 62 cm, Benaki Museum, Atenas). O ícone, assinado por El Greco ("Χείρ Δομήνιχου", "criado pela mão de Doménicos"), foi pintado em Candia, numa velha arca.
 

Arquitetura e escultura

El Greco foi grandemente admirado como arquiteto e escultor, durante sua vida. Ele normalmente realizava a composição completa dos altares, funcionando ao mesmo tempo como arquiteto, escultor e pintor – como, por exemplo, no Hospital da Caridade. Ali ele fez a decoração da capela do hospital, mas o altar de madeira e as esculturas que realizou certamente se perderam. Para o ‘’El Espolio" o mestre projetara um original altar com madeira banhada a ouro, que foi destruído, mas o pequeno grupo de esculturas de "Milagre de Santo Ildefonso" sobreviveu, na parte inferior do quadro.
"Eu não ficaria feliz em ver uma mulher bem proporcional e bonita, não importa sob qual ponto de vista, ainda que extravagante, não apenas perderia sua beleza e ordem, eu diria, quando aumentada em tamanho de acordo com as leis da visão, já não mais apareceria bonita, e , em verdade, seria monstruosa"
El Greco (marginalia inscrita pelo pintor na sua cópia do Vitruvius)[62]
Sua realização arquitetônica mais importante foi a igreja e Monastério de São Domingo, o Velho, para o qual também executou pinturas e esculturasEl Greco é considerado um artista que incorporou a arquitetura na sua pintura.A ele também são creditadas a arquitetura de quadros de suas próprias pinturas feitas em Toledo. Pacheco o caracterizou como "escritor sobre pintura, escultura e arquitetura."

 

 

Legado

Crítica póstuma

Cquote1.svg Foi um momento grandioso. Uma consciência pura e virtuosa ficou sobre uma das bandejas da balança, um império sobre a outra, e foste tu, consciência do homem, que depositaste as escalas. Esta consciência será capaz de comparecer perante o Senhor no Juízo Final e não ser julgada. Ela julgará, porque a dignidade humana, a pureza e o valor encherão o próprio Deus com terror … Arte não é submissão, nem regras, mas sim um demónio que esmaga os moldes … O peito do arcanjo interior de Greco lançou-o sobre uma singular esperança de liberdade selvagem, o excelentíssimo sótão deste mundo. Cquote2.svg
Nikos Kazantzakis, in Report to Greco
El Greco foi desdenhado pela geração imediatamente posterior à sua morte, devido ao fato da sua obra ser oposta, em muitos aspetos, aos princípios do estilo barroco inicial, que surgiu fortemente nos inícios do século XVII e depressa suplantou os últimos traços do maneirismo do século XVI. El Greco foi considerado incompreensível e não tinha seguidores de relevo. Apenas o seu filho e alguns pintores desconhecidos reproduziram algumas fracas cópias de suas obras. Nos fins do século XVIII, comendadores espanhóis elogiaram o seu talento, mas criticaram o seu estilo antinatural e o seu "complexo de iconografia". Alguns destes comendadores, tais como Acisclo Antonio Palomino de Castro y Velasco e Juan Agustín Ceán Bermúdez descreveram a sua obra como "desprezível", "ridícula" e "digna de escárnio". As opiniões de Palomino e Bermúdez eram frequentemente citadas na historiografia espanhola, adornadas com expressões como "estranha", "esquisita", "original", "extravagante" e "ímpar".A expressão "cheio de excentricidade", usualmente encontrada em tais textos, com o tempo evoluiu para "loucura".




A Santíssima Trindade (1577–1579, 300 × 178 cm, óleo, Museu do Prado, Madrid, Espanha) faz parte de um grupo de obras criadas para a Igreja de São Domingo o Velho.
Cquote1.svg Ele [El Greco] descobriu um reino de novas possibilidades. Nem mesmo ele estava apto a esgotá-las. Todas as gerações que o seguiram viveram nesse reino. Há grande diferença entre ele e o seu mestre, Ticiano, diferença essa maior do que a que existe entre Renoir e Cézanne. Embora Renoir e Cézanne fossem mestres de grande originalidade, não é possível dispor-se da linguagem de El Greco e, em caso de a usar, inventá-la de novo, outra e outra vez.[71] Cquote2.svg
Julius Meier-Graefe
Para o artista e crítico inglês Roger Fry, em 1920, El Greco era o arquetípico génio, que faz o que acha ser certo e que "age com completa indiferença para com o efeito que essa expressão poderá ter no público"
"Ao escalar o abismo, travessa escorregadia pela chuva
—Quase trezentos anos já passados—
Senti-me apreendido pela mão de Poderoso Amigo
e vi-me, realmente, erguido pelas duas
enormes asas de Doménicos, aos altos céus
que desta vez estavam repletos de
laranjeiras e água, falando da pátria."
Odysséas Elýtis, Diário de um abril irreconhecível
Michael Kimmelman, um revisor do jornal The New York Times, declarou que "El Greco tornou-se a essência da pintura grega, para os Gregos; para os espanhóis tornou-se a própria essência da espanhola" Como provado pela campanha encetada pela Galeria Nacional de Arte, em Atenas para aumentar os fundos a fim de realizar a compra de "São Pedro", em 1995, El Greco é apreciado não só pelos entendidos, mas também pelo público comum; graças às doações maioritariamente individuais e fundações de beneficência públicas, a Galeria Nacional de Arte conseguiu 1,2 milhão de dólares e comprou o quadro. Referindo-se ao consenso geral sobre o impacto de El Greco, Jimmy Carter disse, em abril de 1980, que El Greco foi o mais extraordinário pintor desde a sua época, como nunca mais de viu, e que esteve talvez cerca de três a quatro séculos à frente do seu tempo.

 

 

Influência em outros artistas

 

 A reavaliação de El Greco não se limitou aos estudiosos. De acordo com Efi Foundoulaki "os pintores e os teóricos do século XX descobriram um novo El Greco, mas durante o processo também descobriram e reavaliaram a si próprios". A sua expressividade e cores influenciaram Eugène Delacroix e Édouard Manet.Para o grupo Der Blaue Reiter, em Munique, 1912, El Greco tipificou a construção mística interior, que era o que a sua geração tinha de descobrir, como tarefa. O primeiro pintor que parece ter notado o código estrutural na morfologia estrutural de El Greco foi Paul Cézanne, um dos percursores do cubismo.

A Abertura do Quinto Selo (1608–1614, óleo, 225 × 193 cm., New York, Metropolitan Museum) foi sugerida como sendo a fonte primária da inspiração de Picasso Les Demoiselles d' Avignon.
"Em todos os casos, apenas a execução conta. Deste ponto de vista, é correto dizer que o cubismo tem origem espanhola e que eu inventei o Cubismo. Precisamos procurar a influência espanhola em Cézanne. As coisas, por si só, precisam disso, a influência de El Greco nelas. Mas a sua estrutura é cubista."
Picasso falando sobre "Les Demoiselles d'Avignon" a Dor de la Souchère, em Antibes.[82]
As primeiras explorações cubistas de Picasso tinham o objectivo de descobrir outros aspectos da obra de El Greco: análise estrutural das suas composições, refração multifacetada das formas, interligação entre formas e espaço e efeitos especiais nos realces. Muitos aspectos do cubismo, tais como as distorções e a renderização materialista do tempo, têm suas analogias na obra de El Greco. Segundo Picasso, a estrutura de El Greco é cubista. Em 22 de fevereiro de 1950, Picasso iniciou a sua série de "paráfrases" de obras de outros pintores com The Portrait of a Painter after El Greco.
Foundoulaki afirma que Picasso completou o processo de ativação dos valores da pintura de El Greco, que tinham começado com Manet e continuado com Cézanne.

Retrato de Jorge Manuel Theotocopoulos (1600–1605, óleo, 81 × 56 cm, Museu Provincial de Bellas Artes, Sevilha)

 

 Autoria controversa


O tríptico de Módena (1568, painel em têmpera, 37 × 23,8 cm (central), 24 × 18 cm, Galeria Estense, Módena) pequena composição atribuída a El Greco.
O número exacto das obras de El Greco é uma questão controversa. Em 1937, um estudo fortemente influente, pelo historiador de arte Rodolfo Pallucchini, fez com que houvesse um número muito maior de obras aceites como sendo de El Greco. Pallucchini atribuiu a El Greco um tríptico na Galeria Estense, em Módena (ver imagem), com base numa assinatura, na parte de trás do painel central do tríptico ("Χείρ Δομήνιχου", criado pela mão de Doménikos). Houve consenso quanto a que o tríptico era de fato uma das primeiras obras de El Greco e, portanto, a publicação de Palluchini tornou-se a bitola para as atribuições das obras ao artista. No entanto, Wethey negou que o tríptico de Módena tinha alguma relação ao artista e, em 1962, publicou um catálogo raisonné, em reação, com uma reduzidíssima lista de obras. Considerando que José Camón Aznar, historiador de arte, atribuiu entre 787 e 829 quadros ao mestre cretense, Wethey reduziu esse número para apenas 285 obras autênticas e Halldor Sœhner, pesquisador de arte espanhola, reconheceu apenas 137. Wethey e outros estudiosos rejeitaram a noção de que Creta tivesse algum crédito na sua formação e sustentou a eliminação de várias séries da obra de El Greco.

«Δομήνικος Θεοτοκόπουλος (Doménicos Theotocópoulos) ἐποία». As palavras de El Greco ao assinar seus quadros. El Greco adicionava ao seu nome a palavra "epoia" (ἐποία, "ele fê-lo"). Em A Assunção o pintor usou a palavra "deixas" (δείξας, "ele é exibido") em vez de "epoia".
Desde 1962 a descoberta de Dormition e a extensa pesquisa arquivada gradualmente convenceram os estudiosos de que as afirmações de Wethey não eram totalmente corretas, e que o seu catálogo pode ter distorcido a percepção da inteira natureza das origens, desenvolvimento e obra de El Greco. A descoberta de Dormition conduziu à atribuição de três outras obras assinadas "Doménicos" para El Greco (Tríptico de Modena, St. Luke Painting the Virgin and Child, e A Adoração dos Magos) e daí à aceitação de mais obras, como autênticas – algumas assinadas, outras não (tais como Paixão de Cristo (Pietà com Anjos) pintada em 1566), – que foram trazidas para o grupo das primeiras obras de El Greco. El Greco é agora encarado como um artista com treino e formação cretenses; uma série de obras iluminaram o estilo inicial de El Greco, algumas pintadas enquanto ele ainda se encontrava em Creta, algumas da sua época de Veneza, e algumas de quando ele estava em Roma. Até Wethey afirmou que "ele [El Greco] provavelmente pintou o disputado tríptico da Galeria Estense antes de deixar Creta" No entanto, controvérsias sobre o número exato de obras autênticas de El Greco continuam por encontrar um desfecho, e o status do catálogo de Wethey está no centro desses desentendimentos.

Galeria

 Cronologia de El Greco (1541 – 7 de Abril de 1614)
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

 



Ticiano

Renascimento


Ticiano Vecellio

Ticiano, Autorretrato
Nascimento 1473 a 1490
Pieve di Cadore, Itália
Morte 27 de agosto de 1576
Veneza, Itália
Nacionalidade Italiano[N. a]
Ocupação pintor
Movimento estético Renascimento

Ticiano Vecellio ou Vecelli (Pieve di Cadore cerca de 1473/1490 - Veneza 27 de agosto de 1576) foi um dos principais representantes da escola veneziana no Renascimento antecipando diversas características do Barroco e até do Modernismo. Ele também é conhecido como Tizian Vecellio De Gregorio, Tiziano, Titian ou ainda como Titien.
Reconhecido pelos seus contemporâneos como "o sol entre as estrelas", Ticiano foi um dos mais versáteis pintores italianos, igualmente bom em retratos ou paisagens, temas mitológicos ou religiosos.
Se tivesse morrido cedo, teria sido conhecido como um dos mais influentes artistas do seu tempo, mas como viveu quase um século, mudando tão drasticamente seu modo de pintar, vários críticos demoram a acreditar se tratar do mesmo artista. O que une as duas partes de sua obra é seu profundo interesse pela cor, sua modulação policromática é sem precedentes na arte ocidental.

Biografia

Infância

Ticiano era um dos quatro filhos de Gregório Vecelli, destacado soldado e funcionário do estado, e de sua esposa Lúcia. Perto dos dez anos de idade foi levado por seu irmão, o também pintor Francesco Vecellio, para Veneza, onde entrou como aprendiz de Sebastian Zuccato, celebre por seus mosáicos. Após quatro ou cinco anos passou ao estúdio de Giovanni Bellini, naquele tempo o mais notável artista da cidade. Ali entrou para um grupo de jovens que incluia Palma de Serinalta, Lorenzo Lotto, Sebastiano Luciani e Giorgione.



Primeiros trabalhos

Um afresco de Hércules no palácio Morosini é tido como um dos seus primeiros trabalhos, assim como A Virgem e a Criança no Belvedere Viena, e A Visitação de Maria e Isabel, do convento de Santo André, hoje na Academia de Veneza.
Tiziano formou uma parceria com Giorgione, e é difícil distinguir seus trabalhos iniciais. O primeiro só de Ticiano, reconhecidamente, é um pequeno Ecce Homo da escola de São Roque. Os dois jovens mestres foram logo reconhecidos como líderes de sua nova escola moderna, que tornou suas pinturas mais flexiveis, livres da simetria e das convenções hierárquicas que ainda estavam presentes nas obras de Bellini.
Em 1507, Giorgione foi escolhido para executar os afrescos na reerguida Fondaco de Tedeschi (de uma corporação de comerciantes alemães), onde Tiziano e Feltre trabalharam, restando alguns fragmentos reconhecidos como seus pelas gravuras de Fontana.



Crescimento


Detalhe da Anunciação, óleo sobre madeira, Bréscia

Giorgione morreu em 1510 e Bellini, ja ancião, em 1516, deixando Tiziano, já com algumas obras de vulto em seu currículo, sem rival na escola veneziana. Por sessenta anos, ele foi o líder absoluto e indisputado, o mestre oficial e o pintor laureado da Sereníssima República de Veneza.
Durante este período (1516 - 1530), que podemos chamar de crescimento até a maturidade, o artista libertou-se das tradições de sua juventude, procurando personagens mais complexos e, pela primeira vez tentando um estilo monumental.
Em 1518 produziu para o altar da igreja de Fran A Consumação da Madona, hoje na Academia de Veneza, que excitava os sentidos, começando uma peça multicolorida numa escala tão grande como a Itália ainda não vira.



Maturidade


Carlos V en Mühlberg, 1548,
Museu do Prado, Madri


Durante o próximo período (1530 - 1550), como já se esboçava no seu Martírio de São Pedro, Tiziano se devotou mais e mais a um estilo dramático. Desta época é a representação da cena histórica da Batalha de Cadore, infelizmente desfigurada ou mutilada em sua maior parte, mas que mostra o esforço do artista de se superar. Como A Guerra de Pisa, A Batalha de Anghiari e A Batalha de Constantinopla foram consumidas pelo fogo que ardeu no Palácio do Doge. Existe apenas uma cópia pobre e incompleta no Uffizi e uma medíocre gravura por Fontana.
Do mesmo modo O Discurso do Marques de Vasto, de 1541 em Madri, foi parcialmente destruído por fogo, mas essa vertente de sua obra está bem representada por Apresentação da Virgem Sagrada (1539) hoje em Veneza, um de seus mais famosos quadros, e por Ecce Homo (1541), em Viena, uma das mais patéticas e longevas de suas obras-primas.



Últimos anos


Mãe dolorosa em oração, óleo sobre madeira, Museu do Prado, Madri


Durante os últimos anos de sua vida (1550 - 1576) o artista mais e mais absorvido em seu rendoso trabalho como retratista, e também mais crítico e perfecionista, terminou poucos grandes trabalhos. Alguns ficaram dez anos no estúdio, sendo retocadas e retomadas, constantemente adicionando expressões , concisão e sutileza.
Para cada problema estético que se apresentava, ele elaborava uma nova e mais perfeita fórmula. Ele nunca igualou a emoção e tragédia da Coroação de Espinhos, hoje no Louvre; na expressão do divino e do mistério, nada mais poético que Peregrinação de Emaú. Nunca fez nada mais brilhante e grande que O Doge Grimani de Veneza ou A Trindade em Madri.

Retrato de Pietro Aretino, 1512,
Palácio Pitti, Florença


Familiares e alunos

Vários outros artistas da família Vecelli navegaram nas águas de Tiziano, como seu irmão Francesco, o sobrinho Marco di Tiziano, que frequentava a casa do tio, Frabizio di Ettore, de outro ramo da família, Tommaso Vecelli e Girolamo di Tiziano. Várias obras foram retocadas pelo mestre mas nenhum lhe fez sombra. Entre seus numerosos aprendizes, destacaram-se Paris Bordone e Bonifazio com sua excelência. Domenico Theotocopuli, melhor conhecido como El Greco, foi empregado como encarregado de fazer gravuras de suas pinturas. Ele disse que muitas vezes o próprio Ticiano gravava no cobre ou na madeira.


Localização das obras

Relação dos museus que contém obras de Ticiano .
  • Louvre, Paris:
    • A Virgem com o coelho,
    • Entombment,
    • Jovem no toucador,
    • Antiope,
    • Coroação de Espinhos,
    • Conselho de Trento
  • Fondazione Magnani-Rocca, Parma
  • Galleria dell'Accademia, Veneza:
    • A Visitação de Maria e Isabel,
    • A Consumação da Madona,
    • Apresentaçãp da Virgem Sagrada,
    • Ecce Homo,
    • O Doge Grimani,
  • Museo do Prado, Madri:
    • Eleonora de Portugal,
    • Carlos V com Cão de Caça,
    • Carlos V em Mühlberg,
    • O Discurso do Marques de Vasto,
    • A Trindade,
  • Scuola Grande di San Rocco, Veneza;



                                                                                           Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.                                                            




sexta-feira, 15 de julho de 2011

Michelangelo

Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni (Caprese, 6 de Março de 1475Roma, 18 de Fevereiro de 1564), mais conhecido simplesmente como Miguel Ângelo (português europeu) ou Michelangelo (português brasileiro), foi um pintor, escultor, poeta e arquiteto italiano, considerado um dos maiores criadores da história da arte do ocidente.
Michelangelo
Retrato de Michelangelo, de 1564, executado por Daniele da Volterra a partir de sua máscara mortuária.
Nome completo Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni
Conhecido(a) por Davi
Teto da Capela Sistina
Pietà
Nascimento 6 de março de 1475
Caprese, Itália
Morte 18 de fevereiro de 1564 (88 anos)
Roma, Itália
Nacionalidade Italiana
Ocupação Escultor, Arquiteto, Poeta e Pintor
Movimento estético Renascimento e Maneirismo
AssinatuMichelangelo: A criação de Adão. Capela Sistinara Michelangelo Signature2.svg

Biografia

Primeiros anos

Michelangelo foi o segundo filho de Lodovico di Linardo Buonarroti Simoni e Francesca di Neri Buonarroti. Em sua certidão de batismo seu nome consta de duas formas,Michelagnelo e Michelagnolo Buonaroti; aparece na biografia de Vasari como  Michelagnolo Bonarroti e na de Condivi  Michelagnolo Buonarroti; quando jovem assinava como  Michelagniolo. Essas primeiras  biografias foram, escritas  quando ele ainda vivia em e sua fama estava no auge, e seus admiradores não contentes em estabelecer uma alta estirpe para sua família-cuja genealogia apare hoje como duvidosa- trataram de eventos relacionados ao seu nascimento e infância, supostamente proféticos de sua futura glória.
 


Fac-símile da certidão de batismo de Michelangelo. O original se encontra na Casa Buonarroti, em Florença.

Atribuída a Michelangelo: Santo Antônio atormentado por demônios, c. 1487-1488. Museu de Arte Kimbell.



Juventude

              


Giorgio Vasari: Retrato póstumo de Lorenzo de' Medici. Galleria degli Uffizi, Florença.
                                         Michelangelo não terminou seu aprendizado com os ghirlandaio. Um ano depois deixou o atelier  e entrou na proteção de Lorenzo de' Medici. Os outros autores divergem sobre as circunstâncias desse evento. Talvez  por temperamento rebelde ele tenha se tornado uma presença irritante para os seus mestres, também ele aparentemente não apreciava  tanto a pintura como a escultura; Barbara Somervill disse que seu pai, confiando na força de um parentesco distante com os Madici e na disposição de Lorenzo em ajudar seus familiares pobres, apelou para que ele o aceitasse como aprendiz; Vasari e Condivi alegam que foi por solicitação de Lorenzo Lodovico.

Michelangelo: Centauromaquia, .1492. Casa Buonarroti, Florença.

 De qualquer forma ele viajou para Roma em seguida e hospedou-se por um ano com Riario, mas para ele aparentemente não produziu nada. Sua obra seguinte, um Baco embriagado de grandes dimensões e traços claramente clássicos, foi feita a pedido do banqueiro Jacopo Galli, que solicitou ainda um Cupido em pé, e através de quem Michelangelo conheceu o Cardeal Jean de la Grolaye de Villiers, embaixador da França junto ao Vaticano, que encomendou a célebre Pietà, um tema raro na Itália mas comum na França, que foi imediatamente aclamada como uma obra-prima, alçando-o à fama. Logo recebeu outras comissões, incluindo quinze estatuetas de santos para o Cardeal Francesco Piccolomini, mas realizou destas apenas quatro, interrompendo o trabalho em 1501 para atender um chamado da Catedral de Florença

Michelangelo: Pietà, 1499. Basílica de São Pedro, Vaticano.

Rafael Sanzio: Retrato de Júlio II, 1511–1512. National Gallery, Londres.

Michelangelo: Um dos nus do teto da Capela Sistina.

Últimas décadas

 

Nessa fase Michelangelo deixou  um pouco de lado a escultura e voltou para a arquitetura, a poesia e a pintura. Paulo III o chamara para pintar a cena do Juízo Final na parede atrás do altar da Capela Sistina.


Maria e Jesus, detalhe do Juízo Final, 1534–41. Capela Sistina.

Giorgio Vasari: Tumba de Michelangelo. Basílica da Santa Cruz, Florença.


Personalidade

 

Quando adulto Michelangelo tinha uma estatura mediana e passuía ombros largos e braços fortes, resultado de suas infindáveis horas trabalando com a pedra.  Seu cabelo era escuro e seus olhos pequenos e castanhos, usava a barba divida em duas, tinha os lábios finos, o nariz quebrado de uma luta na juventude com Pietro Torrigiano, e sua testa era saliente. Não dava a mínima atenção à sua aparência física, vestia-se com roupas velhas, às vezes até esfarrapadas, que estavam invariavelmente sujas. Mesmo assim não raro dormia com elas e com seus sapatos.

 

 


Sebastiano del Piombo: Retrato de Michelangelo, c. 1520-1525.

Cópia de um original de Michelangelo ofertado a Tommaso dei Cavalieri: O rapto de Ganimedes, 1532. Royal Collection, Castelo de Windsor.
S'un casto amor, s'una pietà superna↓
S'un casto amor, s'una pietà superna,
s'una fortuna infra dua amanti equale,
s'un'aspra sorte all'un dell'altro cale,
s'un spirto, s'un voler duo cor governa;
s'un'anima in duo corpi è fatta etterna,
ambo levando al cielo e con pari ale;
s'Amor d'un colpo e d'un dorato strale
le viscer di duo petti arda e discerna;
s'amar l'un l'altro e nessun se medesmo,
d'un gusto e d'un diletto, a tal mercede
c'a un fin voglia l'uno e l'altro porre:
se mille e mille, non sarien centesmo
a tal nodo d'amore, a tanta fede;

  
Se um casto amor, se uma piedade sublime (tradução livre em prosa)↓
Se um casto amor, se uma piedade sublime,
se uma mesma fortuna une um par que se ama,
se a má sorte a ambos afeta,
se um só espírito, um só querer, governa dois corações;
se uma alma em dois corpos se torna eterna,
com as mesmas asas levando-os ao céu;
se Amor com um só golpe e só uma flecha dourada
fizer arder e testar dois peitos;
se cada um amar ao outro e não a si mesmo,
um só gosto e uma só delícia, a esta meta
se cada um dirigir sua vontade:
se tudo isso por mil se multiplicar, não faria ainda um centésimo
de tamanho laço de amor, de tanta fé;
e somente o desdém o pode quebrar e dissolver.

Michelangelo: Retrato de Vittoria Colonna, c. 1550. Museu Britânico, Londres.

Obra

 

Contexto, estilo e ideias sobre arte

Michelangelo viveu ao longo da última fase do Renascimento e na transição para o Maneirismo, uma época de intensos conflitos sociais e profundas mudanças na vida cultural. Quando jovem absorveu as lições do primeiro Renascimento, que estabelecera uma série de cânones técnicos e estéticos para a representação artística.

Michelangelo passou sua juventude em Florença quando ela estava no auge de seu prestígio político, econômico e principalmente cultural, sendo uma referência não só para a Itália mas para boa parte da Europa.

 

Michelangelo se distinguiu da estética renascentista abandonando a crença de que a Beleza é produzida por uma relação matemática de proporções entre as partes do todo, e confiava antes nos sentidos. Dizia que é mais necessário ter um compasso no olho do que nas mãos, pois as mãos produzem a obra, mas quem a julga é o olho.

Michelangelo: Detalhe do Juízo Final, Capela Sistina, Vaticano

Michelangelo: A figura feminina da Sibila Cuméia. Capela Sistina, Vaticano.

Michelangelo: Escravo moribundo, 1513-1515. Museu do Louvre, Paris.



Num poema escreveu:

"Vejo em tua bela face, meu Senhor,
aquilo que não posso expressar nesta vida.
A alma, ainda vestida de carne,
com aquilo tantas vezes é transportada para Deus."[84]
Em outro, disse:
"Meus olhos, buscando coisas belas,
e minha alma, buscando a salvação
não têm outro poder de ascender ao céu
senão contemplando tudo que é belo".[85]

Escultura

 


Michelangelo: David, 1501 - 1504. Galleria dell'Accademia, Florença.

Michelangelo: Moisés, 1513–1515. Igreja de São Pedro Acorrentado, Roma.

Pietà de Florença, c. 1550. Museo dell'Opera del Duomo.

 

 

Michelangelo via a si mesmo acima de tudo como um escultor. Participou do debate teórico da época sobre qual das artes seria a mais nobre, a chamada questão do paragone, e se posicionou do lado dos escultores. Em uma carta escrita para Benedetto Varchi 

 

Pintura

 








Figura de Daniel na Capela Sistina, antes e depois do restauro.
 

Michelangelo: O Juízo Final. Capela Sistina.

Michelangelo: A conversão de Saulo, Capela Paulina.



Michelangelo: Tondo Doni, c. 1504. Galleria degli Uffizi.




Arquitetura

 

Vasari disse que os arquitetos do século XV haviam levado a arquitetura a um alto nível, mas careciam de um elemento que os impediu de atingirem a perfeição - a liberdade.

Michelangelo: Detalhe do vestíbulo da Biblioteca Laurenciana.

Michelangelo: Projeto da praça do Capitólio, Roma.

Michelangelo: Planta da Basílica de São Pedro, 1546.



Desenho

 

 A maior parte dos desenhos de Michelangelo que sobrevivem são esboços preparatórios para suas obras em escultura e pintura.


Michelangelo: Estudo para o Adão da Capela Sistina, c. 1510. Museu Britânico, Londres.

Michelangelo: Tytus, c. 1533, para Tommaso dei Cavalieri. Royal Collection, Castelo de Windsor.

Poesia

 

Non pur d'argento o d'oro↓ Nem só de prata ou ouro (tradução livre)↓
Non pur d'argento o d'oro
vinto dal foco esser po' piena aspetta,
vota d'opra prefetta,
la forma, che sol fratta il tragge fora;
tal io, col foco ancora
d'amor dentro ristoro
il desir voto di beltà infinita,
di coste' ch'i' adoro,
anima e cor della mie fragil vita.
Alta donna gradita
in me discende per sì brevi spazi,
c'a trarla fuor convien mi rompa e strazzi.[121]
Nem só de prata ou ouro
fusos no fogo, ainda espera ser cheia,
oca da obra feita,
a fôrma, que só a revela ao quebrar;
eu também, a queimar
de amor, por dentro eu forro
o anelo oco pela beleza infinda
daquela que eu adoro,
alma e coração desta frágil vida.
Nobre dama, e bem-vinda,
em mim desce por tão finos espaços,
que a extraí-la me rompo em pedaços.

 Para Altizer este poema exemplifica o melhor da produção de Michelangelo.

 

"Calai todos vós, pálidas violetas,
e líquidos cristais, e bestas pétreas:
ele fala coisas, e vós dizei só palavras".

 











Michelangelo: A criação de Adão.
Capela Sistina.




Daniele da Volterra: Retrato de Michelangelo, c, 1553. Museu Teyler, Haarlem.
 
 
 
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